Hospital regional faz cirurgia rara em criança e corrige malformação da língua

O Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA), em Redenção, no sul do Pará, fez a primeira cirurgia de macroglossia da região, indicada para crianças com malformação na língua, de tamanho maior que o comum, o que prejudica a fala, a alimentação e a formação dentária. A previsão é de que outros pacientes possam ser submetidos ao mesmo procedimento pelo hospital.

A paciente foi uma criança, do sexo feminino, de um ano e um mês, acompanhada desde os quatro meses de idade pelo cirurgião buco-maxilo-facial Antônio Augusto Fortes Simões Franco. Ela mora no município de Conceição do Araguaia.  O procedimento deveria ter sido feito aos 8 meses da paciente, mas devido à pandemia, foi adiado para este ano.

A cirurgia é delicada, exige necessidades e cuidados muito específicos para preservar as papilas do paladar do paciente. O procedimento foi um sucesso e durou um pouco mais de uma hora. O cirurgião Antônio Augusto Franco disse que o prejuízo psicossocial e alimentar pela malformação da língua é muito grande porque a pessoa não consegue mastigar e, por isso, se alimenta de forma inadequada.
“Isso gera a má digestão de alimentos sólidos e, por consequência, doenças de estômago, além de prejudicar o desenvolvimento da habilidade de falar”, informou.

De acordo com o médico, o procedimento é raro e no Pará existem em média entre duas mil a três mil crianças com essa síndrome.  Após a cirurgia, a paciente fará tratamento com fonoaudiólogo e a previsão é de que, dentro de 8 a 10 meses, ela já esteja reabilitada.

Cirurgia

Para acompanhar a cirurgia, o HRPA convocou o médico cirurgião pediátrico Ugo Bicelo Queiroz, devido às especificidades da criança, entre as quais alterações fisiológicas e procedimentos gerais da cirurgia.
Ugo Queiroz explica que, a partir do momento em que se corrige os problemas ocasionados pela doença, a criança se desenvolve melhor, alimenta-se de forma adequada e desenvolve de maneira correta a arcada dentária.

“O que influencia não só a parte estética, que tem a ver com o psicológico do paciente também, mas a parte funcional do crescimento”, disse.

Mãe da paciente,  Leydyana Neves disse que o tratamento da filha foi “impecável” desde o início, do diagnóstico à cirurgia.

“Passamos por muitos profissionais até chegar ao Hospital Público Regional do Araguaia e conseguir o diagnóstico certo. O doutor Antônio Augusto Franco foi fundamental para a análise rápida e correta e sempre se preocupou muito com o bem-estar da minha filha e o meu também. Só tenho a agradecer a toda a equipe do hospital, dos médicos aos profissionais de limpeza, pelo ótimo tratamento prestado. Minha filha está se recuperando muito bem”, garantiu.

O hospital é do Governo do Estado, vinculado ao SUS e administrado pela Associação de Saúde, Esporte, Lazer e Cultura – ASELC, uma Organização Social de Saúde (OSS).

Outros casos

Outros casos da síndrome macroglossia chegaram ao hospital após a cirurgia da menina e os pacientes já estão sendo acompanhados. O objetivo do HRPA é aumentar os procedimentos cirúrgicos nestes casos e atender ao maior número de pacientes necessitados.

O Hospital Regional Público do Araguaia também atende outras síndromes buco-maxilares, como é o caso da fenda palatina, conhecida popularmente como “lábios leporinos”. O HRPA já realizou mais de 400 cirurgias deste caso e objetivo é aumentar esses atendimentos.

Texto: Débora Barbosa/Ascom HRPA