No dia 28 de novembro de 2016, foi realizado no Hospital Regional Público do Araguaia (HRPA) o 45º transplante renal. O Hospital realiza transplantes desde 28 de março de 2012. O transplante renal é uma das três modalidades de terapia renal substitutiva (TRS), a saber: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal. Todas estas são realizadas no HRPA. Porém o transplante renal é a modalidade que oferece a melhor qualidade de vida e capacidade de retorno às atividades habituais. Percebe-se ainda uma maior sobrevida com este tratamento.
É com muito orgulho que a equipe de nefrologia do HRPA consegue a cada transplante reabilitar a vida de nossos pacientes e devolvê-los para sua família, trabalho e comunidade. O envolvimento da comunidade se percebe no papel de amigos (alguns se tornando doadores no transplante) e também dos gestores municipais (Vereadores, Secretários de saúde e Prefeitos) com o cuidado na assistência a saúde pública municipal que auxilia na manutenção da vida destes pacientes no regresso a suas casas. É esse envolvimento de todos que faz este retorno para casa ser um verdadeiro evento nas cidades destes pacientes. Isto já foi visto em várias cidades da 11º e 12º regionais de saúde, como Redenção, Marabá, Parauapebas, Xinguara, São Félix do Xingu,Conceição do Araguaia, entre tantas outras. Essa perspectiva já foi percebida pela Assembléia Legislativa do Estado do Pará quando homenageou este programa de transplante renal com a Medalha da Solidariedade de 2013.
A equipe de nefrologia não lida apenas com aspectos técnicos da patologia dos pacientes com doença renal crônica, mas em especial no estudo pré-transplante esse envolvimento torna-se maior e diversos aspectos da vida do candidato e sua família vêm à tona. Isso cria uma intimidade que fortalece a relação médico-paciente. É essa relação que mantém toda a equipe motivada e envolvida com o programa.
Cada novo paciente (e seu doador) possui uma história ímpar e repleta de simbolismos. O nosso último paciente transplantado, um jovem de 28 anos, no qual contaremos resumidamente sua trajetória para que possamos entender a importância deste programa nesta região do Estado. Ele começou o ano de 2016 com a alegria de se casar e de ter um novo emprego como professor na zona rural de Teilândia, no município de São Félix do Xingu. No mês de março veio uma nova felicidade porque sua esposa estava grávida! A partir daí, deu-se início à jornada de exames de rotina do pré-natal. Não demorou para que viesse a primeira ultrassonografia e como pai de primeira viagem estava ali para acompanhar tudo de perto. Ocorre que durante o exame acabou ficando ansioso, sentiu-se tonto e a médica, cordialmente explicou-lhe que tal comportamento era normal, mas propôs-se a medir sua pressão arterial porque poderia estar baixa.
No entanto, para a surpresa de todos, a pressão estava elevadíssima, chegando a marca de 21×13. Para um jovem aquela situação toda não poderia ser normal. A partir daí sua vida começou a mudar. Teve que ir ao pronto-socorro, fazer exames, iniciou o uso de medicamentos. Algumas consultas e, por fim, foi encaminhado através do serviço de regulação estadual para o HRPA. Aqui descobriu que a causa desta situação toda era a doença renal crônica e que esta já se esgueirava por sua vida há meses ou talvez anos. Foi diagnosticado com insuficiência renal crônica terminal e que precisava iniciar de imediato a diálise. Nesse ínterim, iniciou o tratamento com a hemodiálise e o estudo pré-transplante. Com o passar do tempo, a filha nasceu. As esperanças dele e sua família se renovaram e em seis meses de tratamento pode fazer um transplante renal bem sucedido, e agora aguarda ansiosamente a volta para casa.
Essa é apenas uma de tantas outras histórias de pessoas que realizaram o transplante renal no HRPA e que hoje continuam suas jornadas com a possibilidade de viver uma vida bem melhor.